O Meu Eu Inconstante é Livre!

Eu sou o que o instante desperta em mim. Não sou feita para ser uma só coisa.

Há dias em que sou a mais pura calmaria, como um mar dormindo, em total repouso. Em outros, sou a tempestade que rasga o céu com fúria. E quer saber? Não há contradição nisso, há apenas vida em sua totalidade.

Eu não sou feita para permanecer igual. Eu me recuso a ser estática. Eu mudo com o toque, com o olhar, e até com o silêncio do outro. Eu sou metamorfose contínua. E o vento que me atravessa, esse mesmo que me move, é o mesmo que me liberta de qualquer forma fixa.

Às vezes, eu chego mansa, e trago comigo o cheiro da cura. Outras vezes, sou um sopro capaz de derrubar o que não se sustenta mais. Não há aviso para essa mudança, apenas a minha verdade. Dentro de mim, moram lado a lado a brisa suave e o vendaval.

Quem me vê, na verdade, me recria. Em cada olhar, eu sou um reflexo diferente do que sou de fato. Eu sou a tradução do que desperto no outro, mas a tradução nunca, jamais, será igual ao meu original.

Eu sou feita de instantes, de pausas e de recomeços. Carreguei comigo o pó das estradas que percorri e o perfume das flores que plantei, mesmo sobre as ruínas. Eu sou o próprio vento que, no final, me sopra de volta para mim.

Se você quiser me encontrar, por favor, não me defina. Apenas me sinta passar. Eu sou o sopro e a tempestade, o silêncio e o grito. Eu sou vento e o vento não se prende… apenas se sente.