Conforme a doutrina do Espiritismo codificada por Allan Kardec, os sonhos não são apenas fenômenos psicológicos ou reflexos de nossa vida diária, mas sim uma manifestação da atividade do espírito durante o repouso do corpo físico.
A Atividade do Espírito Durante o Sono
O Espiritismo ensina que, durante o sono, o espírito se emancipa parcialmente do corpo. Ele se desprende dos laços da matéria, conservando-se ligado ao corpo apenas pelo perispírito (o corpo semimaterial que serve de elo entre o espírito e o corpo físico).
Essa emancipação parcial confere ao espírito maior liberdade. É nesse estado de semiliberdade que o espírito se manifesta ativamente, e é essa atividade que constitui, em essência, os nossos sonhos.
Os sonhos, para o Espiritismo, são o resultado da vida do espírito enquanto o corpo dorme, e podem se manifestar de diversas formas:
Viagens e Encontros no Mundo Espiritual:
O espírito viaja pelo espaço e se encontra com outros espíritos, sejam eles encarnados (outros indivíduos que estão dormindo) ou desencarnados (espíritos que já deixaram a Terra).
Esses encontros podem ser com amigos, parentes ou até mesmo com espíritos que influenciam ou auxiliam o indivíduo.
Memórias e Reencarnação:
O espírito pode recordar de experiências de sua vida atual ou, em alguns casos, ter vislumbres de vidas passadas (reencarnações), embora a memória dessas existências nem sempre seja clara ao despertar.
Percepções e Previsões (Premonições):
Com a mente menos obscurecida pela matéria, o espírito pode ter a percepção de acontecimentos distantes ou até mesmo vislumbrar cenas do futuro (sonhos premonitórios).
Reflexos da Vida Material:
Muitos sonhos são, de fato, a reprodução de preocupações e impressões da vida diária (memória do cérebro). Esses são os sonhos mais comuns, mas são considerados os menos importantes do ponto de vista espiritual.
Por Que os Sonhos São Confusos?
O Espiritismo explica que a confusão e a incoerência de muitos sonhos ocorrem porque a memória do corpo (o cérebro) retém apenas fragmentos e impressões vagas da atividade intensa do espírito.
Ao despertar, o espírito se religa completamente ao corpo, e o cérebro, que estava parcialmente em repouso, não consegue traduzir com clareza a plenitude das vivências e conversas que o espírito teve no plano espiritual. Por isso, a lembrança é frequentemente incompleta e desordenada.
